O Mar de Aral costumava ser irrigado por dois rios, o maior dos quais foi canalizado na sua quase totalidade para os projectos soviéticos de aumento da produção de algodão nas repúblicas da URSS daquela região. Sem o fluxo de água daí proveniente, o equilíbrio entre a entrada de água no lago e as perdas por evaporação - enormes numa região árida - rompeu-se, e as margens foram recuando, recuando... até o desastre ecológico se tornar irreversível - redução para um terço da biodiversidade, aumento da mortalidade infantil nas antigas margens do Aral para 100 em 1000, ambos causados pela intensa salinidade dos solos e poeiras transportadas pelo ar, que impede o desenvolvimento da vida animal e vegetal e causa sérios problemas de saúde, para dar os exemplos mais flagrantes.
Irreversível, dizia, ou quase: uma barragem de 13 km, terminada recentemente, pretende estancar a água que flui da "lagoa" Norte do Aral - a zona que ainda tem alguma hipótese de recuperação - para o Sul, dado como irrecuperável (a zona tornar-se-á, a que ainda não o é, num imenso deserto de sal). Já são visíveis, de resto, alguns sinais de recuperação neste Mar de Aral do Norte.
A tragédia que acabei resumidamente de contar fica, de resto, como um dos mais catastróficos efeitos da acção do Homem sobre o ambiente, e dos perigos decorrentes de essa acção ser levada a cabo contra o ambiente, e não tomando em conta os referidos efeitos. Nestes tempos de conturbadas alterações climáticas, serve de sinal de aviso.
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