A morte atrás de um “camelo”
"Se eu sair vivo desta guerra é porque eu tive mais sorte do que cérebro"
- Manfred von Richthofen -
Richthofen, o Barão Vermelho, morreu devido a ter infringido o seu próprio código de combate que dizia ser muito perigoso perseguir um avião inimigo quando ele se refugiava no seu próprio território. No dia 21 de abril de 1918, momento em que a guerra já se revelara impossível de ser vencida pela Alemanha Imperial, ele, sem apoio de um segundo piloto que lhe desse cobertura, decidiu perseguir um “ Camelo”, isto é, um avião da marca Sopwith Camel, que retirou-se para os lados das linhas australianas no vale do Somme, na Cordilheira Morlancourt, perto de Corbie. Local onde ele se viu sobre duplo fogo, do ar e da terra, caindo em seguida.
Até hoje há controvérsia sobre quem de facto o abateu, podendo ter sido o seu fim determinado tanto por disparo de uma metralhada de um sargento, disferido do chão, como por uma rajada do capitão Brown, um piloto canadense. O seu corpo foi devidamente autopsiado no hangar do 3º esquadrão aéreo australiano, situado em Poulainville, onde, além de uma fratura no maxilar, constatou-se que uma bala fatal penetrara-lhe no lado direito do peito, na altura da nona costela. Com o desaparecimento dele, o seu jovem sobrinho Wolfram von Richthofen, companheiro e integrante do celebre esquadrão de caças alemão Jagdstaffel , ou Jasta 11, uma das mais temidas da aviação germânica, tentou inutilmente encontrá-lo. Somente dois meses mais tarde souberam do destino do herói, inteirando-se das cerimónias honrosas com que os seus inimigos o sepultaram.

As primeiras esquadrilhas da Fliegertruppe, a força aérea alemã, organizadas naqueles começos da Grande Guerra, tiveram muitos dos seus quadros preenchidos por pilotos oriundos da nobreza. Assim deu-se não só na Alemanha e na Áustria, como na Grã-Bretanha, Itália e França. Aos jovens aristocratas belicosos, metidos a super-homens nietzscheanos, repugnava terem que combater nas trincheiras embarradas, repletas de ratos e piolhos, ao lado do soldado comum. Pior ainda, era estarem destinados a morrerem como anônimos em meio aquela massa de cadáveres de gente desconhecida que cada batalha produzia, ou que o tifo dizimava.
Portanto, trataram de conquistar um espaço no qual feitos espetaculares fossem bem visíveis e que a morte deles, quando ocorresse, fosse avistada pela plebe das trincheiras, como acontecia entre os guerreiros feudais que caíam à vista de todos. Em maio-junho de 1915, Manfred von Richthofen tratou então de aprender a voar, trocando definitivamente o cavalo por um avião: o Albatroz D. II, um biplano da Fokker.
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