A presença dos frades franciscanos na cidade do Porto foi testemunhada logo em 1223. A construção da sua igreja iniciou-se, ao que tudo indica, em 1244, mas as resistências por parte das autoridades religiosas tradicionais da cidade determinaram que as obras se tivessem arrastado por todo o século XIII e que o resultado tenha sido um templo modesto, pequeno e, muito provavelmente, de uma só nave.
No reinado de D. Fernando procedeu-se à construção do templo que hoje subsiste. As obras iniciaram-se no ano da morte do rei, 1383, e prolongaram-se pelos primeiros anos do século XIV, entrando, provavelmente, pela segunda década. O resultado foi um templo de 3 naves de cinco tramos, transepto saliente, profusamente iluminado e cabeceira tripartida, com capela-mor mais profunda, cintada por grossos contrafortes. O modelo planimétrico adoptado não foi mais que o já ensaiado em variadíssimos templos góticos do país, a partir do gótico mendicante do século XIII.
Mas a obra de São Francisco do Porto ajuda a caracterizar o Gótico nortenho da transição para a dinastia de Avis. Prova disso é o “lacrimal decorado com bolas” na parte superior das frestas da capela-mor.
Nos séculos seguintes, a igreja foi objecto de várias campanhas artísticas. Ainda do século XV, do reinado de D. João I, é a pintura mural alusiva à Senhora do Rosa, obra atribuída a António de Florentim e uma das mais conservadas no país. Da década de 30 do século XVI data a Capela de São João Baptista, desenhada por João de Castilho, e que constitui um dos momentos-chave na evolução deste que foi um dos principais arquitectos do ciclo Manuelino.
A principal campanha moderna da igreja foi efectuada na época Barroca, remodelação que confere ao interior do templo, ainda hoje, o estatuto de igreja forrada a ouro. Com efeito, nos inícios do século XVIII, todo o interior engrandecido ao longo da centúria anterior, foi alvo de uma remodelação radical, construindo-se os principais retábulos de talha dourada. O retábulo-mor, dedicado à Árvore de Jessé, foi reformulado entre 1718 e 1721 por Filipe da Silva e António Gomes, sobre uma obra pré-existente, e constitui o mais exuberante exemplo desta temática em Portugal. Mais modesto, o Retábulo de Nossa Senhora da Rosa data já da década de 40, da responsabilidade do arquitecto Francisco do Couto. E foram muitas as actualizações estéticas durante todo o século XVIII, como o prova o portal, enquadrado por pares de colunas salomónicas suportando um amplo entablamento, e outras obras já rococós.
No século XIX, com a extinção das ordens religiosas e um violento incêndio ocorrido em 1833, logo a seguir ao cerco do Porto pelas tropas miguelistas, o convento entrou em decadência. O claustro foi arrasado para dar lugar ao Palácio da Bolsa e a igreja foi ocupada para diversos fins, como o de armazém da Alfândega da cidade.
A importância desta igreja para o Porto e para toda a História da Arte portuguesa está bem expressa na atenção dada pela DGEMN aquando do restauro iniciado em 1957. Ao contrário da larga maioria dos nossos monumentos de origem medieval, em que toda a obra pós-medieval foi sacrificada, em São Francisco do Porto tudo se manteve.
0 comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.