«O CASO DE ANGOLA» —1964 - PALAVRAS PARA A JUVENTUDE.

«O CASO DE ANGOLA» —1964

PALAVRAS PARA A JUVENTUDE

«Portugal tornou-se ultimamente um obstáculo difícil para o comunismo internacional. Difícil de transpor na Europa, onde o bloco ibérico representa uma forte e resoluta barreira contra a subversão. E difícil de transpor em África, onde a nossa imprevista resistência está a impedir a conclusão do cerco da Europa pelo sul, dando tempo ao Ocidente para acordar de algumas incríveis ilusões.

Não nos deixámos intimidar pela selvagem ameaça das catanas ensanguentadas, mantivemos o rumo contra os enfurecidos «ventos da história»; resistimos à clamorosa gritaria do mundo inteiro conci­tado contra nós; à tumultuosa campanha de mentiras e calúnias respondemos com a persistente e clara demonstração da verdade. Aguentámos a agressão do inimigo, não desanimámos com a traição dos aliados e sorrimos amargamente dos conselhos de falsos amigos, empenhados em nos ajudar a fazer a vontade ao pior dos inimigos.

Para os agentes da subversão mundial, nós somos, sem dúvida alguma, um osso duro de roer. Não admira, pois, que o comunismo internacional se encarnice contra nós, usando as suas armas mais efi­cazes e os seus processos mais subtis.

Frustrado nos seus desígnios de aterrorizar as populações ango­lanas pela vaga sanguinária, batido pelas Forças Armadas na luta de guerrilha (1). Desmentido na propaganda por factos insofismáveis, o inimigo recorre à sua estratégia mais aperfeiçoada. Agora o alvo é a Juventude!

É este o sentido da presente campanha de infiltração comunista camuflado sob as aparências mais simpáticas para o sentimentalismo da juventude universitária de Portugal. Actuação insidiosa, porque a mocidade é generosa. Actuação perigosíssima. Porque chega de tal forma dissimulada que grande parte dos estudantes só acredita na presença do comunismo quando já não pode recuar. Emboscada verdadeiramente diabólica, que principia em simples ajudas econó­micas ou em meras manifestações de simpatia por solidariedade aca­démica, para resvalar até ao incitamento à deserção do serviço militar, à fuga e, algumas vezes, à lavagem ao cérebro para o deci­sivo alistamento na guerra subversiva contra a própria Família e con­tra a Pátria.

Tal é agora o perigo. Trata-se de um perigo que a Nação portuguesa vencerá também, com a sua experiência multissecular de todas as manhas e ardis do inimigo e com o seu instinto vital de independência. Mas trata-se igualmente dum resvaladouro em que podem sucumbir muitos estudantes bem intencionados e sinceros, que não se apercebam a tempo da teia satânica a que os atraem.

Urge pois que os homens conscientes e experimentados defen­dam a juventude desta ameaça morta/. Ê preciso fazer-lhes sentir que há. nesta hora em que nos batemos contra as maiores forças malignas do mundo, grandeza bastante para encher todas as ânsias de reali­zação humana. É preciso demonstrar-lhes que existe neste combate pela consolidação da sociedade multirracial, em que prosseguimos e completamos a obra do Infante, ideal suficientemente alto para satis­fazer a generosidade dos corações juvenis.

Os rapazes e as raparigas de todo o ocidente são agora o alvo preferido pelos agentes da subversão mundial. Trata-se de uma autêntica batalha psicológica, habilmente comandada e financiada por verdadeiros marechais da inteligência e em que se empenham todos os meios necessários e as técnicas mais avançadas da psico­logia e da psicosociologia.

Perante esta ameaça mortal, a juventude dos nossos dias com­porta-se como a juventude de sempre: corre alvoroçadamente atrás de tudo o que lhe parece moderno e progressista, adere com entusiasmo ao que se lhe apresenta como manifestação de justiça ou generosidade e acaba sempre por trocar a sua preciosa herança multissecular por um prato efémero de lentilhas, mal cozinhadas e de digestão difícil.

A juventude de Portugal não podia ser poupada.

Até porque Portugal, na sua dimensão exacta de Nação multir­racial e pluricontinental, esteve sempre na vanguarda da defesa do Ocidente, daí que o comunismo internacional ataque com as suas melhores armas esta barreira que vitoriosamente se lhe opõe na Europa e em África.

Há grandeza, porque na resistência nacional contra a agressão estrangeira ao Ultramar português, tanto nos aspectos militares como no que se refere ao comportamento das populações e das actividades económicas, estamos a conseguir resultados que mais ninguém ainda conseguiu, manter um exército em armas, na eficaz guarnição de ter­ritórios separados por milhares de quilómetros. E isto é uma realidade que provoca espanto e surpresa em amigos e em inimigos.

Há ideal, na medida em que nos recusamos a abandonar, como outros o fizeram, populações com quem fomos os primeiros euro­peus a conviver e que, queiram ou não, soubemos integrar fraterna/­mente numa Pátria comum.

E há glória porque, no meio de muitas nações que se deixaram intimidar pêlos chamados «.ventos da história», temos sido os únicos a aguentar o leme da tempestade e já ganhámos em África a primeira, talvez a única, grande vitória do Ocidente.”

REIS VENTURA— 1964


(1) Único exército convencional vencedor na luta de guerrilhas, reconhe­cido internacionalmente.

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